28 de nov. de 2008

Vitória 4, Grêmio 2


Leia o texto até o final antes de julgá-lo pela “manchete”.


É muito difícil perder. A derrota – dependendo do valor que a vitória tem para a pessoa - coloca a auto-estima dela no fundo de um buraco e faz o perdedor sentir-se impotente e sem ação até mesmo para enfrentar situações da vida que ainda não sobrevieram! (Ou nem sobrevirão) Isso é algo terrível, se você parar para pensar (pense, mas, não muito…).


A tristeza mais profunda que consigo visualizar no cotidiano (por causa de uma derrota) é nos homens que gostam de futebol (eu sou um deles). Mas, por que a derrota nos machuca tanto?


Porque Deus não criou o ser humano para perder, mas para ser um eterno vitorioso ao lado dEle sem precisar competir. Depois que nosso primeiro pai (Adão) e nossa primeira mãe (Eva) foram derrotados por satanás no Jardim do Éden, ao aceitar a sugestão dele de que poderiam “ser como Deus” (Gênesis 3), perder se tornou parte da rotina da humanidade.


E, se analisarmos, num mundo pecaminoso, até mesmo a vitória é derrota. Por exemplo: num jogo de futebol, a vitória de uns significa a derrota de outros. Num exame para o vestibular, a aprovação de um candidato para estudar numa universidade federal tira a possibilidade dos demais ganharem a vaga. Quando você tira o primeiro lugar num concurso público, outros perdem. E assim será até o dia em que Jesus voltar e fazer com que todos sejam vitoriosos, 24h por dia, para sempre.


Enquanto Cristo não volta nas “nuvens do céu com poder e muita glória” (Mateus 24:30), precisamos aprender a ganhar, a perder e, com urgência desenvolvermos maturidade emocional para respeitarmos aqueles que perderam para que fôssemos vitoriosos. Não vejo isso como utopia, mas uma necessidade para termos saúde e para não prejudicarmos os nossos relacionamentos.


É claro que “tirar um sarro dos colegas” é saudável, mas nos últimos meses tenho me questionado até que ponto. Isso porque há poucos dias vi um colega cabisbaixo pelo fato do seu time do coração perder para o meu. Senti-me profundamente tentado a “comentar o assunto” com ele e foi exatamente o que fiz. E quando quis dar prosseguimento à “conversa”, Deus colocou no meu coração para não prosseguir porque a minha “vitória” causou não só a “derrota” para meu colega, mas também o entristeceu profundamente (há casos que se tornam patológicos e uma terapia comportamental é necessária). Decidi no mesmo instante deixar o assunto de lado e respeitar o “luto futebolístico” do jovem. Isso fez bem para mim. Até mesmo porque hoje (23 de novembro de 2008) foi o meu time que saiu derrotado…


Parece mentira, mas apenas agora é que comecei a compreender que devemos respeitar quem perde. Não me entenda mal: não estou sendo contra as brincadeiras saudáveis entre amigos quando o time de um vence ou não. O conceito que quero lhe transmitir é que podemos ser pessoas mais civilizadas, cristãs e preservar amigos se aprendermos a ter respeito pelo colega que está machucado.


Precisamos descobrir os limites de nossos amigos para sabermos até onde podemos ir sem feri-los por causa de um jogo de futebol, basquete ou vôlei. Já magoei pessoas por não saber da importância de evitar ultrapassar limites (e já fui muito magoado, é claro). Por isso, acredito que as brincadeiras e os “tira sarros” saudáveis são aqueles acompanhados do respeito aos limites emocionais do próximo.


Sei que não há lógica para nos sentirmos tão chateados quando nosso time perde (e vocês, mulheres, não conseguem entender isso em vossos namorados, noivos e maridos, não é? Dou um conselho de amigo: não entendam. Aceitem), mas temos que ser sinceros em reconhecer que um jogo de futebol pode ser uma espécie de “tragédia” para muitos de nós, homens. Não é nem uma questão de escolha muitas vezes, pois somos condicionados a sermos desse jeito pela cultura e pela família. Graças a Deus que isso pode ser amenizado (e, para alguns homens, não ser problema ou deixar de ser).


Colocar-se no lugar do outro é uma das formas de aprendermos a respeitar “adversários” (que o são só na nossa imaginação masculina) e nos prepararmos para o dia em que não vencermos – seja em relação ao esporte ou nos assuntos mais sérios da vida.


Abrirei um “parêntese” antes de continuar meu raciocínio: Desculpem-me mulheres por ter usado o futebol como ilustração para o que quis passar. Mas, convenhamos: essa é a realidade que está mais próxima de mim – Rsrsrs. E há mulheres que também gostam de futebol. Rsrsrs.


O conforto que tenho no coração amigo (a) internauta é a certeza de que não sou um vencedor. “Leandro, você está ficando doido?”. Calma, estou em perfeito estado mental. Vou esclarecer: o meu conforto e a minha alegria estão na certeza de que não sou apenas vitorioso e sim MAIS do que vencedor por intermédio de Jesus Cristo: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele [Jesus] que nos amou.” Romanos 8:37.


Ser campeão já é maravilhoso; imagine como é ser MAIS do que campeão!


É essa promessa bíblica de Romanos 8:37 que deve nos motivar a (1) encarar as vitórias como “símbolos” de nossa vitória maior (a vida eterna!), a (2) respeitar aqueles que perderam para sermos “vencedores” e a (3) termos a certeza de que qualquer tragédia que tenha acontecido durante a nossa caminhada jamais será suficiente para acabar conosco. Jesus Cristo, ao morrer na cruz, ressuscitar e voltar ao Santuário Celestial (Hebreus 8:1-2) venceu e repartiu conosco a vitória dEle (Efésios 2:6). Por isso, olhe para a vitoria de Deus e poderá tirar boas lições tanto dos momentos em que perde quanto das ocasiões em que vence.


É muito difícil perder. Entretanto, se nos colocarmos nas mãos do Criador, reconhecermos nosso egoísmo e não darmos ouvidos às vozes que querem nos derrotar, aprenderemos com Ele e com a vida a vencer e a perder com dignidade, sem desistir. Sem deixar de sonhar novamente em hipótese alguma!


Assim como usei um exemplo que faz parte da minha realidade masculina, aplique esses conceitos a sua realidade de vida e seja feliz. Um forte abraço!

Leandro Quadros

1 comentários:

Eduardo Machado disse...

muito boa reflexão...

Nossas Vitórias e nossos títulos não são nessa terra...

Abraço...